DESEJO DE SER POETA

Não entendo porque me abandonaste,

Se contigo eu fiz versos com beleza,

Descrevi uns instantes de tristeza,

Na alegria que me proporcionaste.

Hoje eu sou pavilhão órfão da haste,

Ou um rio sem sua correnteza.

Já não faço um só verso com destreza.

Num poeta menor me transformaste.

Se não voltas, meu mundo perde a graça.

Sou um ébrio sedento sem cachaça.

Vivo a esmo, sem rumo e sem ter meta.

Vem depressa, ó bendita inspiração!

Sacudir meu sofrido coração

Que deseja demais ser de um poeta.