ALGO INDIZÍVEL [CCCXVII]
O meu senso prediz o que não falha:
ele esbanja do afeto as clarinadas
e, por ti, singra léguas nas estradas,
mas no amor, afinal, é onde malha.
Meu fascínio por ti não tem palavra;
faz fronteiras nos marcos do intangível
e, por tantas, calar foi-me impossível,
pois cogito albergar-te à minha lavra.
Impossível manter-me o bem oculto:
já expô-lo, a granel, me põe tumulto,
e o ruim é não dar-lhe um norte certo.
Do que passo e passei, algo indizível,
sei senti-lo, talvez nem seja crível,
diz-se amor e se esconde num deserto.
Fort., 06/02/2012.