Soneto I

Dói desejar teus braços sem poder.

Dói amar-te tanto sem ser amada

e resta-me aceitar e entender:

do amor que acredito não há nada.

Não suporto em vida mais sofrer,

viver esta paixão desesperada.

Dói ser incapaz de me defender,

dói cortando-me o peito feito espada.

Valha-me ó madrugada sombria!

O meu corpo triste mortalha fria,

parece-me estar sempre de partida.

Venha acalmar-me as dores ó dia,

a triste e profunda melancolia

e a sensação de ainda estar perdida.