João e o Galo do Campo
Galo do Campo pousou na beirinha do telhado,
olhou tudo bem de cima, postura imponente,
esquadrinhou o mundo, sagaz e penetrante,
e soltou um trinado arguto e esganiçado...
Debaixo das palhas suspira João, desconsolado,
responde ao triste lamento da ave plangente,
há tanto o arrasta essa espera, angustiante,
E trás-lo o sentido aflitivo e atormentado...
Ao soar do gemido da ave, hora após hora,
A resposta de João ecoa, assaz merencória,
Pois que ainda flameja o sol, causticante, inclemente!
E depois que o sol desaba e vai-se embora,
Inda tem João seu Deus, e canta-lhe glória,
Nunca perde a fé o matuto... Oh, ser surpreendente!