AO ENTARDECER

Leve, breve brisa, acolhe o meu rosto.

As árvores são o seu apogeu e o senão

Das cerejeiras onde se descobre o mosto

Da fruta amadurecida caída no chão.

Escrevo porque o pensamento me o dita

Não tenho pretensões a nada

Sou como à flor quando se agita

E espera as benesses da madrugada.

Ouço-me ao longe gritando impropérios:

Este não sou eu – digo insistentemente!

Meus sapatos calcorreados são galdérios

Não esperam do nascer do dia mais

Do que a forma geométrica e persistente

Do plano e paralelo voo dos pardais.

Jorge Humberto

16/01/07

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 17/01/2007
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