Sou um navio que ...

À tarde passa vagarosamente,

Olha nos meus olhos e vai embora

Sem despedir-se segue simplesmente,

E, já saudosamente minh’alma chora.

Pois sabe que no decorrer da hora,

A dor há de chegar impertinente,

Pois toda noite invariavelmente;

Chega e morde como quem devora!

E, isto, já vem d’uma longa data,

Pouco a pouco, sem pressa, me cata,

Põe-me estático e quase morto.

Porém, não posso mal dizer a sorte,

Sou um machado que perdeu o corte;

Sou um navio que não busca um porto!

Roberto Jun
Enviado por Roberto Jun em 29/02/2012
Código do texto: T3526504
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