LACERAÇÃO ALMÁTICA

Sou a falta que à morte se oferece...

Sou a porta fechada sob o pranto...

Sou alma que sangra em desencanto

no veneno que sorve e que se aquece!

Sou o olho do grito que estremece,

sou um gole de verso e de acalanto!

Explosão dos espinho num espanto...

Sou velório que vivo à cova desce!

É o bafo da morte quem me adorna...

Sou o corpo enterrado que retorna

vendo a vida melhor se sepultada!

Sou o sangue em tortura de um aborto!

Sou alguém que desperta só com um morto...

Sou a íris exposta e lacerada!