DEVASSA




És leviana e manténs na carne os clamores
fatais dos homens plenos e inquietos
- tomados de precipícios -, viris e eretos
contra a vil cortina que divide os amores.


E quando vagas lenta, com anseios conexos,
já não reservas pudor, e procuras devassa
a todo varão dissoluto por quem passas
enferma de amor e sucumbida ao sexo.


Entretanto, a cada reinício porquê dedicas,
não te entorpeces no veneno que produzes
no cálice ilusório, cristal de volúpias e luzes.


Estende o corpo inválido em espasmos
sobre o nevoeiro temporal desse orgasmo;
também te removes, e renovas, e ressuscitas
.




Poema integrante do livro "Gênese de Poemas InVersos".
Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 16/03/2012
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