FRÍVOLA
És leviana e nutres na carne os clamores
fatais dos homens plenos e inquietos
- tomados de precipícios -, viris e eretos
contra a vil cortina que divide os amores.
E quando vagas no teu passeio clamoroso,
já não reservas pudor, e procuras devassa
a todo varão dissoluto por quem passas
enferma de amor e sucumbida ao gozo.
Entretanto, em cada reinício a que te dedicas,
não te entorpeces no veneno que produzes
no cálice ilusório, cristal de volúpias e luzes.
Estende o corpo inválido em cada espasmo
sobre o nevoeiro temporal desse orgasmo;
também te removes, e renovas, e ressuscitas.
Poema integrante do livro "Gênese de Poemas InVersos"