Fazenda
 
 
 
Punha olhos para aquelas terras dispersas
porque o horizonte tingia em azul tanto verde.
O céu guardava nas macaúbas as conversas
dos santos preguiçosos, estirados em redes.
 
 
- Na gentileza de nossa casa, Santa Etelvina
era fazenda e, no salão, retratinho de parede.
Revoada de anus e andorinhas na campina;
o gado indo do cocho ao barreiro molhar a sede.
 
 
Bandos de guaxes e laranjais do quintal,
perfume silvestre e borboleta multicor,
tina de água e as roupas velhas no quarador.
 
 
- Vi luz na choupana, num rugido de amor,
um chorar estridente sobre a terra natal:
sobre os campos,  gravado o meu hino inaugural.

Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 27/03/2012
Código do texto: T3579777
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