Desisto de ser poeta
Desisto do meu sonho-ser-poeta
Poeta cristão, mas também tristonho
Por não viver da pena do meu sonho
De ser um bardo, dado como meta
De que valem os versos e as rimas
Se as massas só querem versos vagos
Das músicas de fel e gosto amargo
Para quem, este ouvido, não se anima?
Desisto de cantar, meditabundo
As belezas do Cabo Bojador
De Fernando Pessoa no seu mundo
Desisto, desistindo, mas não dá
A pena fala e a mão sente dor
Pelo esforço de tanto escrevinhar.