Senilitude
Herculano Alencar
Era uma vez um resto de saudade,
que habitava um velho coração!
Sobrevivia junto à solidão
que, de tão velha, já não tinha idade!
Vivia, como vive uma saudade,
a lamentar o pranto que caiu
e a ruminar no peito, já senil,
o merecido ônus da idade.
Era uma vez um resto de saudade,
que navegou na lágrima vertida
e naufragou na dor da longa vida,
deixando o coração pela metade.
Partiu já na primeira tempestade
e até hoje vive de partida.