Amor perdido

Eu sei que residira em mim outrora

E o músculo incansável habitara,

Mas desde que em setembro foste embora

Perdeu-se-me o sentido, e a palavra

Amor, ó elusiva ave em vôo!, pára,

Pousa, aproxima-se, mas não incorpora

A mim em seu vão ninho! Onde está agora?

Quiçá no ódio, sua acepção mais rara...

Ah, mulher! Oxalá estejas amando,

Senão ame pelo amor que está por vir,

Porque eu não poderei, até não sei quando...

Cega, essa agulha no palheiro,

Receio voltará só quando ouvir

Teu nome em meu suspiro derradeiro.

Cirilo
Enviado por Cirilo em 01/02/2007
Reeditado em 01/02/2007
Código do texto: T366072