Fado

Neste meu peito existe um cemitério infindo,

E onde a cada momento nova dor se encerra,

Aos ruidos tenebrosos e gritos de guerra,

E os guinchados enfim de satanás sorrindo.

Vejo nascer o dia, como nasce um dia lindo,

E já a angústia rápido em meu ser descerra

Um rústico caixão e alguns palmos de terra,

Enquando o cão ri deste coração carpindo.

Assim vou rastreando nesta longa estrada,

E transformando fel e lodo em argamassa,

Para a sepulcral cova de todo incompleta.

Cada passo uma pedra e outra maior pedrada...

É que talvez não haja na vida desgraaça

Maior, que trazer n'alma a sina de poeta.

Um Piauiense Armengador de Versos
Enviado por Um Piauiense Armengador de Versos em 29/05/2012
Reeditado em 30/10/2014
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