MENINO MAU

Nasceste nos confins dos rejeitados,

lá de onde estrela nunca reverbera

e flor já nasce morta em sede austera,

com pássaros ao chão, estraçalhados.

Viveste surras, sangues coagulados,

comendo o choro, à treva da tapera,

temendo os braços vis da mátria fera,

que ardiam desamor, encachaçados.

Em tua insana e bruta realidade,

jamais sentiste afagos de bondade;

a vida em ti é marca de chibata.

E agora, com teus atos crus, violentos,

tu vingas nas pessoas teus tormentos,

teus ódios, ó, menino mau que mata.