OS LOUCOS DA MINHA RUA

Bem pressagiados são os loucos e os dementes,

Que a tudo sorriem como se fosse coisa nova,

É vê-los nos degradados hospitais contentes,

Que a vida por ela só e por si mesma se renova.

Não importa em que sujidade se vistam ou calem,

Nem o estender de mão ao transeunte que passa,

O que é preciso é que andem cheios e não falem:

Cheios de comprimidos que a eles os perpassa.

Mas olhando-os nos olhos vê-se o sofrimento absurdo

De quem é renegado e posto de parte por boa gente,

Nas marquesas: o que lhes vale o grito surdo?

Pobre gente, que não tendes cuidado com ninguém,

Talvez um dia também fiqueis assim, num repente,

Será que depois querereis ser cuidados por alguém?

Jorge Humberto

08/02/07

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 09/02/2007
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