Ruas de Outono
Minhas ruas são feitas de outono
Quisera eu, que me visses pela janela
Andando torto ou, mesmo triste, como
Um tranqüilo e apressado barco à vela
E quando as folhas caem lentamente
Contornando com sutileza a vida bela
Continuo eu caminhando, sempre ausente
Distante do que fui noutra ruela
Sob o horizonte onde a lua vai caindo
Como se de outono fosse então a alma tua
Triste barco, navegando num mar findo
Se encontra, de repente, numa rua
em que o outono desenha seu mundo, indo
de encontro á sombra dessa lua