Meus contemporâneos

Eu sou contemporâneo do cachorro,

Que eu mesmo atropelei ontem na pista.

Eu vi também vivo o finado artista,

Que teve morte súbita no morro.

Eu sou contemporâneo da floresta,

Que foi inteiramente devastada,

Bem como do padre, no alto da escada,

Lá mesmo onde levou tiro na testa.

Como não ser contemporâneo, logo,

Dos frangos, peixes, novilhos de corte,

E dos bichos que frito na panela?!...

Angustiado, muitas vezes rogo...

Porque, por mais velha que seja a morte,

Eu também sou contemporâneo dela.

Claunísio Amorim Carvalho
Enviado por Claunísio Amorim Carvalho em 13/02/2007
Código do texto: T379803