Foi-se

Na noite fria, em cima de mi’a cama,

Meditava no transitório fato,

A vida, em si: do bruto, do cordato,

Do amigo, do inimigo, de quem ama...

Lembrei-me da moça que virou lama,

Da qual Lima Barreto viu o retrato.

Pra ti, que eu verso, estróina, caricato,

A prodigalidade dessa fama!

Daí que vi, sobre o peito ofegante,

O grão-marfim, que, ontem, era elefante,

E as bolsas, que já foram jacaré!

Febril, deitei-me, obstúpido, parado,

Ouvindo a voz do músico finado.

Pensando no futuro que não é!

Claunísio Amorim Carvalho
Enviado por Claunísio Amorim Carvalho em 14/02/2007
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