LUCIDEZ
O véu do templo se rasgou em dois,
E o negrume amedrontou soldados.
Também a louca tempestade os pôs
Na agonia suprema dos danados.
Mortos que a grã força vital expôs
Foram vistos, de súbito, arrumados,
E os vis algozes, como pó de arroz,
De lábios pálidos, envergonhados.
Gemendo a terra sob um céu escuro.
Um homem justo se crucificava,
Todo alquebrado em lancinante tez.
Cegos, frios, tontos, no grande apuro,
Dos quais, porém, só uma voz reinava:
A do Centurião em lucidez.