LUCIDEZ

O véu do templo se rasgou em dois,

E o negrume amedrontou soldados.

Também a louca tempestade os pôs

Na agonia suprema dos danados.

Mortos que a grã força vital expôs

Foram vistos, de súbito, arrumados,

E os vis algozes, como pó de arroz,

De lábios pálidos, envergonhados.

Gemendo a terra sob um céu escuro.

Um homem justo se crucificava,

Todo alquebrado em lancinante tez.

Cegos, frios, tontos, no grande apuro,

Dos quais, porém, só uma voz reinava:

A do Centurião em lucidez.

Claunísio Amorim Carvalho
Enviado por Claunísio Amorim Carvalho em 14/02/2007
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