ANGÚSTIA QUE DEVORA.

Não sirvo pra ti, sou errante demais,

eu nunca fui digno do amor que me espraias,

também não mereço os lençóis de cambraia,

nem beijos ardentes, nem juras florais.

Não tente entender minhas sombras jamais,

teu mundo é outro, és feita de alfaias,

e eu sou simplesmente um homem sem laias

cerrado nas máscaras vis dos mortais.

Não chora por mim, meu amor, não mereço,

sou puro egoísmo, sou teu amargor,

enquanto és a luz eu cultivo o avesso.

Não sirvo pra ti – (ah! sussurro traidor),

sou frio, insensível, Deus fez-me de gesso,

e tu foste feita somente de amor.

Michel H. Baruki – Blumenau – 15/02/2007