Soneto da angústia
 
Eu ainda celebro a quintessência
Do breve entrelaçar das nossas vidas.
Com afáveis lembranças indormidas,
Amenizo o vazio da tua ausência.
 
Pena... Longe, não ouves meu lamento,
Nem sabes que não têm cura as feridas
Abertas pelas lágrimas caídas
No meu peito de dor e sofrimento.
 
Fosse o teu velho bicho de pelúcia,
Esquecido no quarto, abandonado,
Seria eu menos triste do que sou.

 
Mas antes que me mate o fel da angústia,
Eu vou buscando forças no passado,
Pois sabe mais do amor quem muito amou.

 

_______ 
N. do A. – Na ilustração, Innocence de Mikhail Garmash (Ucrânia, 1969).
João Carlos Hey
Enviado por João Carlos Hey em 20/08/2012
Reeditado em 14/08/2020
Código do texto: T3839347
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.