VEROSSÍMIL
Juliana Valis




Tudo é tão lúdico nesses becos sós

E tão verossímil quanto a lua cheia 

Tudo é incerto como o amor que nós

Tivermos, perto, no clarão da ceia



Tudo é resquício de apenas nada,

Nada a dizer, nada a sentir, nada a declarar

Além dessa síncope de paz rimada,

Como ícone de dor bem maior que o mar



Não sei nem um terço do que posso ser

Ou não ser, apenas, como o vento for, 

Só vejo em mim a sombra que olhará você



E, assim, de fato, talvez eu possa estar

Em seu olhar sensato de sublime amor,

Que transcenderá a dor do que seja o mar.