Inotável eu!
Quase imune a luz como o cristal
um ser onde reside a opacidade
habitante inotável da cidade
minha falta de brilho meu umbral
Nas veredas de agora e de antes
em quase todo caminho que eu trilho
não vos culpo minha refração ao brilho
nem o meu dom de desinteressante
Passando despercebido vou seguindo
indiferente a toda indiferença
houve tempo que essas coisas incomodavam
Ao passar despercebido vou sumindo
de pessoas a quem não faço diferença
e que nenhuma diferença apresentavam