LUCINDA, A NOTURNA

A noite quase não se enxerga nada

do casario rasteiro que se expande,

Lucinda contempla a solidão da grande

noite profunda, noite amargurada.

Terceiro andar de um bangalô antigo

todas as noites a moça ali sentada

ante a janela rompe a madrugada

tendo o pensamento apenas como amigo.

Eis que uma noite, uma noite incerta

uns corvos riscavam o céu noturno

como se de um profundo sono se desperta.

Desde então ninguém mais notou

no velho e carcomido bangalô

algum vestígio de janela aberta.

Enzo Carlo Barrocco
Enviado por Enzo Carlo Barrocco em 19/09/2012
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