Cego Amor
Ora, ela reclama, da bela flor que era,
Porque seus frutos maduros anunciam,
Como suas rugas que a denunciam,
Que já foi longe a sua primavera.
Ainda que, da idade, se espera
Que de alguns desejos que sentiam,
Aqueles que envelhecem renunciam,
Minha mesma energia lhe venera.
Não sei se é por lhe ver no dia-a-dia,
Que hoje lhe vejo como ainda via,
Tão igualzinha quando a conheci.
Ou, enlevado de amor, peguei no sono,
Que nem notei chegar o seu outono...
Se é que chegou... Será? Não sei! Não vi!