TEMPO DE SORTILÉGIO * Louvor da Poesia

Aqui, subindo a pulso a corda imensa

que dizem ter no cimo a Poesia.

A Poesia amada que, suspensa,

tão longe está de quem tanto porfia!

Que valha por conforto a tentativa,

se quanto posso dar tão pouco vale.

Se quanto mais a busco, mais se esquiva,

será porque deseja que eu me cale?

Calar-me é desistir dos horizontes

e pôr na mesa a fome em vez de pão;

é recusar à sede as claras fontes

que brotam numa bênção deste chão.

Talvez eu seja presa do delírio,

mas sempre a bendizer o meu martírio...

José-Augusto de Carvalho

22 de Outubro de 2012.

Viana+Évora*Portugal

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 22/10/2012
Reeditado em 28/12/2018
Código do texto: T3946978
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