Sombras

Sombras

Amiúde em flagelo no meio da noite

Acordo e ouço um sussurro no ouvido

Apresso-me, corro e anoto o que ouço

Mas nem sempre sei qual é mesmo o sentido

Confuso e contido penso estar louco

Introspectivo crendo que é um delírio

Contudo obedeço não me finjo de mouco

Se não escrevo esqueço o que me foi dito

E com muito esforço sem quebrar o rito

Com a mente em estado de total absorto

As mãos psicografam o sombrio manuscrito

Inquieto e esvaído peno não estar morto

Talvez se estivesse não tivesse ouvidos

Tampouco sentido tantos desconfortos