Quando o adeus é preciso...

O que era possibilidade virou letra,

o que seria pele, tornou-se alfabeto;

dói em mim essa tentativa, essa treta,

esse desvio do que deveria ser reto.

Sofro a palavra esperada que não vem

- como se dependesse dela para viver -

preciso dela e já viro um ninguém;

sem oxigênio, pronta a enlouquecer.

Fico vazia, à espera, cachorro partindo;

a mão do afago de ontem, hoje é dividida,

mas não se ladra, não se fica ganindo;

Fica-se à mercê, feito um animal ferido,

enrodilhado em si, lambendo a ferida,

pelo verso que importa e não foi lido.