O Expresso do Silêncio

O Expresso do Silêncio

Jorge Linhaça

Mais de mil vagões rodando nos trilhos

Parte o expresso do puro silêncio

Carrega os pais os avós e os filhos

E o condutor é o “Seu” Inocêncio

Vão as mulheres com seus espartilhos

Bocas seladas dum mudo intenso

Medo silente de eternos martírios

Olho o expresso e comigo penso:

Por que se cala o povo sofrido?

Por que aceita o jugo atroz?

Medo de ver ao patrão ofendido?

Por que se cala diante do algoz?

Terá a força, de lutar perdido?

Ou já se tornou a honra em pó?

Salvador, 20 de novembro de 2012.