SE O ABORTO FALASSE
Eu contava os dias nos meus informes
Dedos, para sair à luz do mundo..
Eu ensaiava, no ventre profundo,
Palavras de amor: “oh, mamãe já dorme...”
Fazia planos e amava conforme
O amor de filho que toca no fundo
Do pequenino peito rubicundo...
E te amaria sempre cordiforme!
É duro dizer, qual fogo que lavra,
Morri nas trevas, sem uma palavra...
Minha existência foi como um cometa...
Queria viver como as crianças sãs,
Para te amar, porém, tu, minha mãe,
Espedaçaste-me nesta sarjeta!