Espectral

 
 
 
Quando se acumularem anos em minhas pupilas,
que imersas no futuro se precipitam e se movem,
naturalmente haverá um poema de feri-las,
por lembranças de quimeras e perfumes de jovem.

 
 
Porém, é propósito deixar inflamada esta ferida
silenciosa em versos, para guardar nos tempos
os  sublimes instantes de prazer tidos na vida,
enquanto mocidade repleta de descontentamentos.

 
 
Virão incitar-me os triunfos da adolescência
(dores insensíveis — amores voláteis, repelidos),
a ânsia perene, os planos além, o sonho desfeito...

 
 
Então derramarei lágrimas à própria decadência,
esmagadas na parva saudade dos anos transcorridos,
verdes auroras — inscritas na cruz do lúgubre leito.





Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 12/12/2012
Reeditado em 12/12/2012
Código do texto: T4032254
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