SONETO DA RECORDAÇÃO.

Lembro-me do carro de boi rasgando a estrada,

Do seu cantar triste ,enfadonho e mortífero,

Da baba escorrendo da boca de moreno e roxinho,

Do canzil e da canga, das broxas e da guiada.

Da roça extensa e seca , no chapadão plantada,

Dos braços fortes dos sertanejos corajosos,

Da cantiga que conduzia o carro com lealdade,

Da sede da casa grande aonde o feijão era despejado.

Lembro-me do terreiro extenso de terra firme ,

Do feijão calando sob o sol em brasas ,

Do barulho fustigante das varas de espeto rosa.

Da palha abrindo a força e das sementes pulando,

Das mulheres de saias rodadas ,com peneiras a punho,

Do monte de feijão , vivos nas minhas lembranças.

Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 24/12/2012
Código do texto: T4051210
Classificação de conteúdo: seguro