O NÁUFRAGO

A vasta extensão d’água lúgubre e salgada

Metamorfoseou a minha nau de linha

Num barco obsoleto que nem vela tinha

A navegar na dor, perdido, rumo ao nada...

Meu corpo fadigado pela intermação

Tombava no sepulcro da malvada trilha,

E o último suspiro fez-me ver uma ilha

A infindas milhas náuticas do coração...

Chorei, gritei, sorri, vibrei como criança!

E nadei rumo a minha única esperança,

A minha terra firme, o berço dos palmares...

Encontrei lá a paz que o mundo me tolheu,

E um amor sincero e puro que me promoveu

A comandante incólume dos sete mares!

(Nizardo)

Poesia registrada.

Xerinho.