PAU SANTO jan 81

Lá na floresta nasceu

Da natureza selvagem,

Enfeitando a paisagem

Do mundo que Deus lhe deu...

Mas um dia aconteceu

D’ele ser derrubado.

Então foi ele lavrado...

Dele fizeram um cruzeiro.

Fincaram-no em um outeiro,

Nasceu não foi batizado.

Por ele ser vegetal,

Para mim não há engano,

Não pertence ao gênero humano...

Nem ao gênero animal.

Não sendo celestial...

Uma coisa eu garanto:

Nascido naquele canto,

Eu acho que não foi mau...

Em se tratando de um pau,

A Deus não mereceu tanto.

Pela Igreja Romana

Muito se passou.

Em vários lugares se marcou

Com uma cruz soberana,

O símbolo da raça humana,

Daquele tempo passado...

Em montes foram fincados

No nosso Brasil inteiro,

Se tratando de um Cruzeiro

Morreu. Não foi sepultado!

Nasceu a tal Baraúna

Na beira de um regato.

Criou-se dentro do mato,

Bem perto do rio do Una...

Valia uma fortuna...

E este ponto eu garanto...

Eu até conheço o canto

Aonde o pau foi cortado.

Não sendo martirizado,

Depois de morto foi santo!

IRINEU BARBALHO DE MELO (PAI FALECIDO EM 1989)
Enviado por Barbalho em 18/01/2013
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