A Musa
Amor eu nada fiz pra ser teu porto
Não trago nada em mim que valha a pena.
Não tendo casa, e tendo só meu trilho,
O tudo que te posso dar é um filho.
(E eu que sempre fui um bicho alado
Agora escrevo só pra minha eleita;
Pois ela é uma deusa, e eu profeta...
Só quando faço um filho sou poeta).
E olhas para mim, em ti absorto...
Perguntas-me co’a face tão serena:
- O filho é um verso ou um poemeto?
- Meu anjo, o próprio tempo tem mostrado,
Que para uma musa tão perfeita
Um filho nunca é menos que um Soneto!