NA ESTRADA DE DAMASCO * FARDO

Carrego a minha dívida de mim,

cumprindo a pena imposta até ao fim.

Da treva ou do mistério donde vim

à treva ou ao mistério que me espera,

espaço e tempo -- a sombra de Caim,

intemporal, persiste e dilacera...

E tudo é feio e gélido e ruim.

O inútil acontece e desespera.

Morreram os canteiros no jardim,

em maldição estéril e severa.

Que espírito ou desígnio de Eloim,

por sobre os ares paira e o sonho gera?

O sonho ensanguentado de Caim,

que nem remorso ou prece regenera...

José-Augusto de Carvalho

Moita (B.B.), 7 de Julho de 1995.

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 26/01/2013
Reeditado em 28/12/2018
Código do texto: T4106203
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