CANTO REVELADO * O rio

Naquele tempo, já o rio tinha

a condição de rio decidida:

nascia e da nascente-berço vinha,

em múrmura canção indefinida.

Por entre margens, dócil, caminha.

Um fio de cristal na teia urdida.

Não sabe por que vai nem adivinha

que há sempre um por haver desde a partida.

A submissão de muito longe vinha!

Mas uma força em si desconhecida

lhe diz que não é mais a ténue linha

por doce devaneio distendida…

E, atónito, descobre a teia urdida:

que para além das margens há mais vida!

José-Augusto de Carvalho

16 de Outubro de 2011.

Viana*Évora*Portugal

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 10/03/2013
Reeditado em 28/12/2018
Código do texto: T4181567
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