Soneto do amanhã

Com meus ontens e hoje teço meu amanhã

Se o viverei... bem, não sei! O que importa?

Meus dias correm lentos como pressa anciã

A cobrar certezas vãs em minha porta

E eu que plantei afetos e alegrias por certo

E lancei no chão o precioso perdão dourado

Semeei também desamores infectos

E teci não-poemas em textos amargos

Que quadro me esperaria amanhã?

Alentos, dores, inércia, euforia?

Que o amanhã por si só se faça!

Mas o amanhã que amanhã será

É mesmo construído na véspera

Sem o que amanhã amanhã não há

Janete Santos
Enviado por Janete Santos em 19/03/2007
Reeditado em 03/05/2014
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