Soneto de Outono com hora marcada
 

Às oito horas e dois minutos dessa manhã começou
A estação que faz de folhas tapetes no chão
Tema para poetas que trocam papel por emoção
Papel na vida de alguém, no bolso uma peça guardou
 
 
Pedaço de poema rasgado, bilhete no guardanapo
Coisas bobas , elástico de cabelo, beijo solto no ar
Um rótulo da garrafa de vinho, um “eu te amo”  a voar
Pedaço de vida.  além da metade resta ao jovem guapo
 

Nada disso importa, as rugas, sulcos profundos, queixas
Parecem teimosos no inesperado acordar de  cada dia
Ele cobre e faz charme com um boné de marca na cabeça

 
Ela vê no pente, escorrerem pelo ralo fios  de suas madeixas
Brinca no chão com o netinho, mas levantar?  Que agonia!
Vida vai  e depois do outono,  vem  o inverno não esqueça!