Quase de peito aberto

É natural: por não colhida em tempo certo,

madura, doce e sumarenta cai a fruta.

A brusca queda quase sempre se dá perto

de gente ou bicho – mas que não se lhe desfruta.

“Está bichada!”, vaticina um ‘esperto’.

“Não tenho fome...” (Se é fato, é razão bruta).

Mas, e o apelo da semente, quem escuta?

Eis bom pomar se transformando em vão deserto!

Então, a moça, por cansaço da labuta

de bem amar, mas amar sempre a descoberto,

resolve, um dia, refazer sua conduta:

se agarra ao ramo, não cai mais em campo incerto.

Quer suas sementes como prêmios em disputa,

seiva e doçura bem usadas para asserto!

Gina Girão
Enviado por Gina Girão em 01/04/2013
Reeditado em 06/04/2013
Código do texto: T4218248
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