Soneto das pingadas II

Hoje escondi um livro no porão

Justaposto as minhas noções colegas

Aquelas mimadas tranqueiras a cegas

Que jaz não as leio então ali ficarão

Para envelhecer o bruto que desocuparão

As estantes que em penhor hão de chorar,

A persiana vazante luzente que há de orar;

Num clamor alto entristecido cantarão

Um sonetinho em memória do falecido

Livreco que não era bobo nem feio o livrinho

Só poupava lembrança que tinha esquecido

Então o joguei a meado do antigo ninho

A escuridão larga dum porão destemido

Acreditando na morte anêmica do coitadinho

Renato Narciso
Enviado por Renato Narciso em 07/04/2013
Código do texto: T4228270
Classificação de conteúdo: seguro