Paliativo imperioso
Estremeço quando suas palavras baldias
Tão esperadas em tempos longínquos
Vêem escoltadas em frases ocas e frias
Apostando reconstituir sentidos oblíquos
Nesse delírio perde-se no vácuo meu sentir
Entorpecida, fico à mercê da faltante lucidez
Que me rouba as forças e o ímpeto de fugir
O que um dia foi febre, hoje é escassez
Se a explosão outra vez adiada não obstante
Deposita no vácuo, sem pudor, esse gosto de fel
Arrasta-me então solitária, num caminho vibrante
Um itinerário envolvente, porem cínico e cruel
A esse atalho sem emoção, me transporta
Paliativo para um ardor, que já não importa...
Glória Salles
-Registro na Biblioteca Nacional
-Ministério da Cultura
-E.D.A.