ESTRANHO AMOR

Não há no mundo tão estranho amor
Que tanta dor me cause e tanto alento
Deleitamento ledo e dissabor
Doce licor, amargo e cruel tormento

Pois num só tempo fere e acaricia
Se acaricia bate e queima e mata
Matando é grata e meiga melodia
É luzidia estrela, arma insensata.

Se fere é de alegria e de prazer
E apraz doer e dói de endoidecer
De tanto ser amado e lhe adorar.

Que tal amor, de tanto querer tê-lo
Perdê-lo também quis: num triste apelo
Pedi que me odiasse, ao invés de amar!

Oldney Lopes©