Soneto do sono
É preciso fechar os olhos para sentir a leveza do ser
Pra ser assim: solto, livre e desatento às coisas mundanas
É necessário largar o corpo num berço, adormecer e querer
Que os sonhos sejam puros e doces feito pedaço de cana
É preciso abraçar as nuvens que flutuam de céu a sol
Pra ser assim: calmo, quente e ausente do firmamento
É necessário desprender das vestimentas e ser só
Que nem numa sinfonia o som de apenas um instrumento
É poder tocar sem ser tocado
Descansar o corpo e gastar a alma
Como quem manda vários beijos ao ser amado
É sentir o mundo orbitando na calma
Do silêncio da noite montado num cavalo alado
E com a harmonia da vida estendida na própria palma.