A marcha.
Fascina-me a noite da Terra caída!
Os anjos que a querem não a vêem.
Deslumbra-me a alma do corpo punida
entre névoas verdades que assolam o bem.
Com os passos acorrentados a ferro,
lábios cerrados e olho vendado.
Recluso em claustro ímpio me enterro
e como tais anjos me tenho calado.
Na marcha silenciosa se dá o enredo.
A língua da fala se torna a do medo.
Sentido algum, nem gosto do sal.
Sem língua derramo palavras em tinta.
à ponta da caneta os traços me pinta;
a sombra de um anjo num mero mortal.