NOTURNA

Ela acolhe a estrela solta lá do céu

a aquecer a noite intensa do seu peito

e acender o seu futuro de papel

nas esquinas, embolado ao desrespeito.

E no mar incerto feito em cama alheia,

se aprofunda inteira, corpo, brio e luz.

E clareia-se abnegada, aberta, cheia.

E se entrega às ondas doidas que seduz.

Mas precisa, em breve, de ir embora; sabe.

Convenções humanas, nada aqui lhe cabe.

Quer ceder seu brilho noutros cosmos, ruas.

Ela sai, enquanto dorme o explorador

(tão bonito, o seu amante malfeitor).

Este mundo não comporta duas luas.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 08/07/2013
Reeditado em 09/07/2013
Código do texto: T4378074
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