Em covil de lobos lebre não passeia

Lamentar um bolso que quando vazio

reflete um estômago diariamente oco

sem sequer nos apercebermos se foi

o tempo de se dar tempo ao tempo, sim.

Imperdoável a vida está nas ruas

cobrando as prestações do teto

o sono em colchão macio

o cio e até o orgasmo de ontem.

Competição o que era arte: viver

acoplados ao ofício do lucro

rouba-se também o traje do nu que agora está

nos nus de alma até reduzidos

anomalia a não ambição

como se fatal fosse largar o osso.

Em covil de lobos lebre não passeia.