ENTRE PUNHAIS E VENENO

Debaixo de um céu derramando punhais,

com nuvens pesadas de angústia, amargura,

precisa vestir-se de plúmbea armadura

tentando manter seus resíduos finais.

No mundo gigante inexistem locais

que o abriguem do céu a espalhar sangradura

e ao chão, derradeira gotinha ternura

é haurida, sugada por vermes letais.

E mesmo à aflição de vivente enterrado,

brutal desconforto de achar-se enredado,

ainda acredita em nascente de ameno.

Escapa insistente dos fios da rede,

e encontra, afinal, desvairado de sede,

nascente fartíssima de água e veneno.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 05/08/2013
Reeditado em 05/08/2013
Código do texto: T4420217
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.