"Círculo Vicioso

Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:

- Quem me dera que fosse aquela loira estrela,

que arde no eterno azul, como uma eterna vela !

Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:

- Pudesse eu copiar o transparente lume,

que, da grega coluna à gótica janela,

contemplou suspirosa, a fronte amada e bela !

Mas a lua, fitando o sol, com azedume:

- Misera ! tivesse eu aquela enorme, aquela

claridade imortal, que toda a luz resume !

Mas o sol, inclinando a rútila capela:

- Pesa-me esta brilhante auréola de nume...

Enfara-me esta azul e desmedida umbela...

Porque não nasci eu um simples vaga-lume?"

(Machado de Assis)

Américo Paz
Enviado por Américo Paz em 21/08/2013
Código do texto: T4445131
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